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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Meu coração




Eis aqui meu coração
Faça dele o que quiser
Nele tem amor e paixão
Por você.

Pegue, toma para ti meus momentos
Eles nasceram dos mais puros sentimentos
De uma vida em outras já vividas
Tu és meu amor, minha paixão pra toda vida.

Leve meu coração com você
Mas não se prenda a ele como eu
Hoje, me prendi sonhando com o seu
Ser um dia, quem sabe, somente meu.

Então tens meu coração.
Se um dia precisar de um pra viver
E dentro do teu peito bater
Viva meu amor.

Me dê apenas um segundo
Pra me despedir do mundo
Tens meu coração, que por você bate no meu peito.

Que se preciso vai continuar a bater
Dentro do teu.
Pra você continuar a viver e eu viver com você.

Sinta meu coração, minha emoção.
Sinta se não tenho razão de viver você.

Minha doce inspiração.

-Jorge Luiz Vargas-

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Kosmos


Tens a aurora na boca e a noite escura
Nos olhos; no cabelo em desalinho.
O mar bravo, a floresta, o torvelinho;
E as neves da montanha em tua alvura

Possuis na voz a música e a frescura
Da água corrente; o sussurrar do ninho
Na surdina sutil do teu carinho,
Em que o calor ao travo se mistura...

Cheiras como um vergel! Tens a tristeza
De uma tarde hibernal, em que anda imerso
Teu amor — meu algoz e minha presa —

Em tua alma e teu corpo acha meu verso
Todas as convulsões da natureza
E as harmonias todas do universo.


Goulart de Andrade

Confissão


Não direi do desgaste a que me exponho
no trabalho e suor de me conter
sob muros agressivos e silêncio
cuja acidez dentro de mim escalda
e me castiga as vísceras e a pele.

Darei parcos indícios dessa algema
que vai mordendo, abutre, o sangue e os nervos
e me abate e renasce ao infinito.

Percebo presos ao asfalto os pés
e, feras, sobre mim convergem brasas
rugindo. E pedregulhos, galhos de árvore,
limitam-me a visão e me povoam
a memória de cifras e destroços.


Fernando Py

sábado, 6 de fevereiro de 2010

PEDAÇOS DE MIM




Eu sou feito de
Sonhos interrompidos
detalhes despercebidos
amores mal resolvidos

Sou feito de
Choros sem ter razão
pessoas no coração
atos por impulsão

Sinto falta de
Lugares que não conheci
experiências que não vivi
momentos que já esqueci

Eu sou
Amor e carinho constante
distraída até o bastante
não paro por instante


Tive noites mal dormidas
perdi pessoas muito queridas
cumpri coisas não-prometidas

Muitas vezes eu
Desisti sem mesmo tentar
pensei em fugir,para não enfrentar
sorri para não chorar

Eu sinto pelas
Coisas que não mudei
amizades que não cultivei
aqueles que eu julguei
coisas que eu falei

Tenho saudade
De pessoas que fui conhecendo
lembranças que fui esquecendo
amigos que acabei perdendo
Mas continuo vivendo e aprendendo.


Martha Medeiros

Num leque




Na gaze loura deste leque adeja
Não sei que aroma místico e encantado...
Doce morena! Abençoado seja
O doce aroma de teu leque amado

Quando o entreabres, a sorrir, na Igreja,
O templo inteiro fica embalsamado...
Até minh'alma carinhosa o beija,
Como a toalha de um altar sagrado.

E enquanto o aroma inebriante voa,
Unido aos hinos que, no coro, entoa
A voz de um órgão soluçando dores,

Só me parece que o choroso canto
Sobe da gaze de teu leque santo,
Cheio de luz e de perfume e flores!


Auta de Souza

Alguma coisa


Alguma coisa fica
do caminhar contínuo
e deste sono.

Alguma folha fica
da primavera
no outono.

Algum fruto, algum gesto, alguma voz.
Alguma coisa frutifica.
E fica em nós.


Renata Pallottini
(SP- 1931)

Noturno



Espírito que passas, quando o vento
Adormece no mar e surge a Lua,
Filho esquivo da noite que flutua,
Tu só entendes bem o meu tormento...

Como um canto longínquo - triste e lento-
Que voga e sutilmente se insinua,
Sobre o meu coração que tumultua,
Tu vestes pouco a pouco o esquecimento...

A ti confio o sonho em que me leva
Um instinto de luz, rompendo a treva,
Buscando. entre visões, o eterno Bem.

E tu entendes o meu mal sem nome,
A febre de Ideal, que me consome,
Tu só, Gênio da Noite, e mais ninguém!



Antero de Quental

Vozes Do Coração




A poesia declamada
ou a música cantada
são vozes do coração,
pois falam às nossas almas
inebriando nossa emoção.

Das profundezas de seu ser
os poetas e os letristas
rebuscam o seu sentir,
repassando para o mundo
a alegria que contagia o viver.

Escreventes mensageiros
do pensar e do formar;
com nossa arte majestosa
suavizamos vossos fardos,
vivificamos a dádiva do amar.

Somos sim, sensíveis,
que parecemos adivinhar
o que os outros
sentem o tempo todo,
mas, não sabem contar.

Todo poema é uma música,
toda letra é um poema,
mas sempre será o amor
entre todos os motivos a se compor
o nosso mais inspirador tema!


Antônio Poeta

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Canção para um Desencontro




Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.

Deixa-me errar e me compreende
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões
e dessa escadaria de tua alma.


Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.


Lya Luft

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sangue


Tome o meu coração e dele faça
o que quiser, com raiva ou com despeito.
Jogue-o no chão, ou guarde-o numa taça
- foi para isso que o arranquei do peito.

Se desejar destruí-lo então desfaça
os vínculos do amor que foi perfeito.
Deixe-o viver um pouco na desgraça
ou mate-o de uma vez, que é seu direito.

Mas pode ser que surja, de repente,
um insano desejo de perdoar-me
porque lhe dei meu coração exangue.

Antes que isso aconteça, loucamente,
arranque o seu coração e ao entregar-me
peça que afogue os dois, em nosso sangue.


Théo Drummond

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

POETA



Sou poeta
Que escreve
Brinca
Junta
Acalma

ALMA

Sou fada
Que encanta
Abençoa
Aconchega
Reluz

LUZ

Sou bruxa
Que desilude
Amaldiçoa
Separa
Enerva

TREVA


Sou mulher
Que luta
Batalha
Peca
Acerta

POETA

Clau Assi

Carta do poeta Theo Drummond a seu pai Pilar Drummnod


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Cinzas da sanidade


Varro o chão

Onde caíram as palavras comportadas

Que por entre dedos gélidos

De minhas mãos rudes

Deixei escapulir, por obstinação.


Junto-as e cremo-as.

As cinzas, entrego-as ao vento;

Leve-as ele para bem longe de mim,

Fantasma que são

Do poema reto

Que não me permiti consumar.



Não lapido as palavras.

Não destilo as palavras.



As lapidadas,

Deixo-as aos jovens apaixonados.

As destiladas,

Aos que delas se tornaram amantes incorrigíveis.



Quero-as selvagens,

Cheias de quinas e fios,

Cheias de doenças e vícios,

Para que quando brotarem de dentro de mim

Rasguem-me a carne,

Contaminem-me o sangue

E façam-se poemas tortos:

Eles me conferem vida intensa.



Não quero, pois, o poema da breve paixão,

Nem o da paixão amancebada:

Eu vou é me casar, para sempre, com o Cântico Negro.



Oswaldo Begiato

Nada Sei



Não me perguntes, porque nada sei
Da vida,
Nem do amor,
Nem de Deus,
Nem da morte.

Vivo,
Amo,
Acredito sem crer,
E morro, antecipadamente,
Ressuscitando.

O resto são palavras,
Que decorei,
De tanto as ouvir.

E a palavra,
É o orgulho do silêncio envergonhado.

Num tempo de ponteiros, agendado,
Sem nada perguntar,
Vê, sem tempo, o que vês
Acontecer.

E na minha mudez,
Aprende a adivinhar,
O que de mim não possas entender.


Miguel Torga