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quarta-feira, 31 de março de 2010

Divagando




Ainda não estou preparado
para perder-te
Não estou preparado
para que me deixes só.

Ainda não estou preparado
para crescer
e aceitar que é natural
para reconhecer que tudo
tem um principio e tem um final.

Ainda não estou preparado
para não ter-te
e somente recordar-te.

Ainda não estou preparado
para não poder ouvir-te
ou não poder falar-te,
não estou preparado
para que não me abraces
e para não poder abraçar-te.

Ainda te necessito
e ainda não estou preparado
para caminhar pelo mundo
perguntando-me...porque?
Não estou preparado
hoje nem nunca estarei.

Te necessito.


(Pablo Neruda)

terça-feira, 30 de março de 2010

O Retrato fiel



Não creias nos meus retratos,
nenhum deles me revela,
ai, não me julgues assim!


Minha cara verdadeira
fugiu às penas do corpo,
ficou isenta da vida.


Toda minha faceirice
e minha vaidade toda
estão na sonora face;


naquela que não foi vista
e que paira, levitando,
em meio a um mundo de cegos.


Os meus retratos são vários
e neles não terás nunca
o meu rosto de poesia.


Não olhes os meus retratos,
nem me suponhas em mim.


Gilka Machado

sábado, 20 de março de 2010

O homem que pintava girassois


De suas mãos brotou um girassol?
O sol.
Sua visão das cores se expandia?
Ardia.
Esse fogo fatal o estimulava?
Queimava.

Brincou com cores enquanto pintava
deu tintas novas as luzes do dia
e a inspiração o mal que o acometia
era um sol que ardia e que queimava.
seu triste estupor?
A dor.
De sua vida o que retrata aflito?
O grito.
E ao misturar as cores nesse agito
do campo e o dia recriava a graça
o artista cotejava com a desgraça
estampava na tela dor e grito.

Qual, na Provença a cor do seu castelo?
Amarelo.
De que cor foi seu mundo em Overs-Sur?
Azul.
Afinal que criava esse pintor?
A cor.
Ascendendo na luz dos arrebóis
Por conta, graça e risco esse pintor
(um louco que pintava girassóis)
Do amarelo e do azul mudou a cor!


Sylvio Adalberto

quarta-feira, 17 de março de 2010

Se as minhas mãos pudessem desfolhar



Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.

E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!


Frederico Garcia Lorca

Amor é fogo que arde sem se ver



Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;


É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?



Luís de Camões

segunda-feira, 15 de março de 2010

domingo, 14 de março de 2010

14 de Março - DIA NACIONAL DA POESIA


Penso em ti


EU PENSO em ti nas horas de tristeza
Quando rola a esperança emurchecida
Nas horas de saudade e morbidez
Ai! Só tu és minha ilusão querida
Eu penso em ti nas horas de tristeza.


Vê quanta sombra me escurece o seio!
Que palidez sombria no meu rosto!
Tu és a única luz da treva em meio
Tu és a minha estrela do sol posto...
Contigo a sombra não me tolda o seio.


Quando a teus pés o meu viver s'escoa,
Esqueço a minha sorte, o meu martírio,
Minh'alma como a pomba em sangue voa
Para ir se abrigar à tua, ó lírio,
Quando a teus pés o meu viver s'escoa ...


Bendito o riso desses lábios túmidos!
Bendito o meigo olhar tão peregrino!
Como o sol abre a flor nos campos úmidos
Crenças desperta o teu divino olhar...
E o riso, o riso desses lábios túmidos


Ai! volve! volve peregrina estrela...
Minh'alma é o templo de um amor suave
À tua espera o lampadário vela...
À tua espera perfumou-se a nave...
Ai! volve! volve peregrina estrela!



Castro Alves

quinta-feira, 11 de março de 2010

Tinta mágica



Escrevo meus versos
Com coração e emoção
A tinta que eu uso
É transparente é mágica
São as lágrimas do coração

Então depois eu mudo a cor
Bordô, azul, preta
Seja ela qual for
Mas escrevo meus versos
Com a magia do amor

Não escrevo com dor
Dor não rima com amor
Escrevo com emoção
E me emociono
Quando leio e canto nossa canção

Guarde minha poesia com carinho
Que um dia poderá te trazer
A certeza que ninguém te amou tanto assim
Como esse poeta ama você
Guarde pra você
Eu te guardo pra mim



Jorge Luiz Vargas

segunda-feira, 8 de março de 2010

Agora!


Quando te vejo enluarada
E por esse vento torneada
Meu corpo treme de desejo
E preciso de ti um beijo.

Deitada á luz do luar
Escutando o murmúrio do mar
Nua sem nenhum pudor
És a própria musa do amor.

É assim com este jeito faceiro
Escondida em um sorriso matreiro
Que me conquistas a toda hora
Verso meu que não demora.

Mulher de quatro estações
Vendaval nos corações
Não precisas ser escrita
És a poesia mais dita.

Não precisas de um dia
Teu nome não é Maria
Precisas de compreensão
E tens de mim meu coração.

Ah! Quando te vejo assim
O mundo para pra mim
Não sei o dia ou a hora
Só sei que tudo é agora!


Santaroza

Ser mulher



Ser mulher é rimar dor com amor
É se defender com espinhos
E ter o perfume da flor
E se embalar em carinhos

Ser mulher é dar à luz a vida
Sorrir mesmo sofrendo
Nas dificuldades da lida
E na dor de um filho nascendo

Ser mulher é viver eterna corrida
De sonhos e fantasias
E chorar sorrindo daquela ferida
E não desistir das causas perdidas

Ser mulher é refletir a alegria
Seu sorriso doce e a magia
De ser o que ela quiser
Simplesmente ser mulher

O que seria do poeta se não existisse você?
Que iluminado e feliz seja o seu dia
Que reflete em mim toda magia
De fazer pra você um simples poema
E viver você, minha poesia


(Jorge Luiz Vargas – 8-mar-2010)

domingo, 7 de março de 2010

Sentada nas Estrêlas


Sem cessar, rola o meu pranto.
descabido...não tem hora,
atrevido...sem lugar,
está sempre a me lembrar.

Da dor que enfatiza,
esta alma sofrida e dolorida.

Os destroços espalhados
procurando o seu lugar
e lá vem você de novo
querendo me lembrar.

Quero o meu rosto secar,
permitir aos meus olhos brilhar
e um novo mundo encontrar.

Deixar o sol refletir
e os seus raios me colorir,
a lua a me abraçar
e encantada me deixar ficar...
sentada nas estrêlas
olhando as ondas do mar.


AMARILIS PAZINI AIRES