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quinta-feira, 22 de abril de 2010

Parabéns poeta querido Jorge Vargas!


Sou um poeta feliz e acompanhado da sorte
Por ter dos amigos o carinho sincero
Levando comigo além vida
Boas lembranças do que aqui vivi... É o que quero!

Obrigado por lembrar-se do dia desse poeta
De estar comigo comemorando com festa
Trazendo para mim uma grande emoção
Por estarmos juntos meu aniversário festejando
Dentro do meu coração.

Um carinho todo especial pra você que enfeita minha vida.
Um beijo minha querida índia e poeta amada Ceição, obrigado pelo carinho, pela lembrança, pela mensagem e pelo presente que é você!


Jorge Luiz Vargas
Brasilía, 22 de Abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Quero



Não quero falar por metáforas
Não quero falar por parábolas
Não quero falar por sofismas
Não quero falar por fábulas

Quero falar com a língua
E que ela seja muito mais
Do que futilmente, palavras

Quero falar com palavras
E que elas sejam muito mais
Do que simplesmente a língua

Não quero saber de eufemismos
Não quero saber de semânticas
Não quero saber de modismos
Não quero saber de retóricas

Quero a poesia clara
Dos teus olhos e da alma
E do amor sem complexo

Quero penetrar no teu âmago
Com franqueza; e com calma
Absorver o teu sexo

Não quero ser moderado
Não quero ser literato
Não quero ser complicado
Não quero ser emblemático

Quero me intimidar
Quero me enfraquecer
Quero me subordinar
Quero me enternecer

Quero falar com o tato
Quero saber com o ato
Quero ser mais com o fato
De escancaradamente amar...

Com a língua de novo
Com a língua do povo
Com palavras plenas
Ruidosas, amenas...

Render-me, é o que espero
E sem culpa, dizer:
Amo-te amor, eu te
Quero!


(José Antônio Gama de Souza-Balzac)

Dentro dos olhos fechados



Eu disse da espera sem palavras.
Que precisado é senão memória
se num silêncio assim virá a fonte
esperada e o desejo será tão alto
como o outro caminho do jardim
que se procura?

Acontecerá quando o vento unir
nossos ombros e tudo que não foi
será agora.
Manhãs abrirão e murcharão como
pássaros de ontem dento dos olhos
fechados.

E o tempo dormirá em nossas mãos.


Olga Savary
1.954

terça-feira, 20 de abril de 2010

Alma e Caco




A garrafa na lama
lembra uma alma no mundo:


sua clara transparência
se revê apenas
quando ela se houver quebrado



Mia Couto

Neologismo




Beijo pouco,
falo menos ainda.
Mas invento palavras
que traduzem a
ternura mais funda.

E mais cotidiana.
inventei, por exemplo,
o verbo teadorar.
Intransitivo
Teadoro, Teodora.


Manuel Bandeira

Ironia do Tempo



Que ironia tem o tempo misterioso
Que diz que passa velozmente sempre andando,
Mas afinal esse tempo é mentiroso,
Porque ele fica e a gente é que vai passando!...

Dizem que é velho, mas o tempo é sempre novo.
Não tem idade, pois ninguém o viu nascer,
Tal como o enigma da galinha e do ovo,
Não sabe ao certo se existia antes de o ser!...

Comanda tudo sem ter dó nem piedade
E eu perplexo fico olhando sem o ver
Imutável e, sempre em celeridade.

Rendo-me enfim, pois não sei compreender,
Apenas sinto com toda a fragilidade,
Que o tempo é rei ... e de rei tem o poder!...


Euclides Cavaco

Espólio




quando saí
da tua vida
levei pouca coisa,

uns sonhos
que não deram certo
e um vazio no peito
que não cabia
dentro da mala.


© Ademir Antonio Bacca
do livro “O Relógio de Alice”

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Soneto da Busca



Eu quase te busquei entre os bambus
para o encontro campestre de janeiro
porém, arisca que és, logo supus
que há muito já compunhas fevereiro.

Dispersei-me na curva como a luz
do sol que agora estanca-se no outeiro
e assim também, meu sonho se reduz
de encontro ao obstáculo primeiro.

Avançada no tempo, te perdeste
sobre o verde capim, atrás do arbusto
que nasceu para esconder de mim teu busto.

Avançada no tempo, te esqueceste
como esqueço o caminho onde não vou
e a face que na rua não passou.

Carlos Pena Filho

terça-feira, 13 de abril de 2010

segunda-feira, 12 de abril de 2010

MÚSICA INÚTIL




Eu faço versos como quem ao peito

estreita um violão de timbre frouxo

que escondido no bojo traz um mocho

piando noite a dentro contrafeito.


Eu faço versos como quem sem jeito

finge que o verso não lhe saiba a frouxo;

quem andou pelo mundo feito cocho

supõe que seja torto o que é direito.


Eu faço versos como quem se espelha

no violão de acento dissonante

o qual sequer possui qualquer cravelha.


Eu faço versos feito o alucinado

que dedilha num tom exasperante

o próprio coração desafinado.


Sylvio Adalberto

O CAVALHEIRO DA TRISTE FIGURA



Eu, como tu, montei meu Rocinante,

ganhei a estrada à cata de aventura...

Fui, levado por sonhos, à loucura

que faz qualquer mortal seguir adiante.


Descobri, que na vida acachapante,

não há nobreza, nem sequer ventura,

e, aos que sonham, cabe a amargura

de uma vida sem graça e desgastante.



Ainda hoje, sábio Dom Quixote,

de puro gosto sigo teus caminhos,

e de delírios construí meu mote.


Vivo sonhando, e por isso enfrento

Arcalaus, Dulcinéias, meus moinhos...

(bem como tu, eu luto contra o vento).



Sylvio Adalberto

domingo, 11 de abril de 2010

ILHA-ME


Cerca-me
Controla o meu redor
E me faça seguro no seu meio
Com tudo que eu preciso e nada mais
Com coisas simples, mas especiais

Ilha a minha boca
De palavras ou de silêncio molhado
Espera-me na calçada
E... ilha-me com a roda do seu vestido
Numa dança ilhada de madrugada

Ilha-me
Quando a festa acabar
Quando eu terminar de cantar
Quando não houver o que falar
Mas uma constelação do que fazer

Ilha-me com sua urgência
E tira-me da escravidão do prazo
Tenho medo de ser medíocre na imaginação
Uma trajetória dessas merece o talendo do acaso

Ilha-me, ilhia-me
Até quando eu for embora...


Marcos Gacê - Itabira - MG - Verão de 2010

Uma linda índia



Meu coração chora ao ler o teu olhar
que, amando o meu,
renasce!

Aprendi a amar-te livremente
sentindo de cá
o que aí tua alma também sente
ensinando-nos sobre o amor.

Teus cabelos negros acortinam tua face
e é nela onde nos nasce
a vontade de nos termos juntos.

Meu coração é todo teu
e, se te amo de tão longe,
é assim que se esconde
essa mansa distância viva
onde te amo, ó bela índia,
a tanto apaixonar-me...


Paulino Vergetti Neto

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Adágio


Aos pés do Taj Mahal, te ofereço um amor mais-que-perfeito
e também minha alma, pra gravitar ao teu redor
prometo também toda a doçura do mundo
e ser mais maleável, sem precisar ir tão fundo

Entrego,aos pés do Taj Mahal esse poema
meus campos de orquídeas e toda a minha arte
vinte potes de geléias de morango
mais mil crianças brincando!!!!

Aos pés do Taj Mahal, saio dançando
e grito teu nome para que me sigas
até os confins do universo, e lá chegando
ao som de um adagio em dó menor...

confesso...sempre acreditei em amores eternos!


Karla Julia

Soneto de Amor



Preciso de um amor a toda prova
Amor que busco desde a mocidade
Amor, que após brutal ferocidade
Da exaurida seiva se renova.

Findado o ardor o corpo então comprova
De que o prazer não traz saciedade
Que seja o risco então essa verdade
E o gozo sempre a sensação mais nova.

Quero encontrar o amor insaciável
Que dando tudo nada pede em troca
Sem se importar o quão seja durável.

Amor assim que em transe nos transporte
Por ser amor total não nos sufoca,
Posto que é fogo é gelo é vida é morte!


Sylvio Adalberto

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Quero



Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte, como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois no dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.

Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
feito com
vibração espacial.

No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amaste antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.


Carlos Drummond de Andrade