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domingo, 30 de maio de 2010

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Asteroide



a natureza urbana
uma janela de estrelas
a natureza humana
um universo às avessas

sonho ou tsunami
meteoro ou instante
a vida segue cadente
e o corpo nem sente
o que a alma deseja
:
a volúpia do cometa
dentro da gente


Luiz Fernando Prôa

Genoma



Leve o tempo que for
um dia vou aprender a montar,
como num quebra-cabeça,
o teu genoma.

Os números me ensinarão o que foste,
desde o princípio,
quem és e o que serás na vida e na morte.
Farei as mais variadas combinações
e te direi tudo - antes de acontecer.

Espero que combinando os algarismos
não te perca nunca.
Teu genoma será trancado a sete chaves:
assim serei teu Deus e teu dono.


Théo Drummond

domingo, 16 de maio de 2010

Fazendo a diferença



Somos “músicas” no universo;
Por sutilezas, movidas,
Redigimos cada verso:
... Maestros de nossas vidas!

Regemos a melodia
Com diferentes talentos.
Arquitetando com harmonia,
... Tocamos os sentimentos!

Ressoando nesta bonança,
Em perfeita sincronia,
... Da orquestra, o som profundo,

Jaz mais bela sinfonia
Agora, no palco do mundo:
... Vem fazendo a diferença!


Kathleen Evelyn Muller

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Alforria



- 13 de maio –

Senzala tem nome gentil: periferia.
Correntes? Não! Agora eu uso bolsa-esmola.
Não sou escrava, tenho, até, cidadania...
Só falta emprego, casa, pão e boa escola.

Não sou mais negra. Hoje sou afrodescendente,
deram-me cotas para ascensão social.
E nas novelas? Já deixei de ser servente...
Semidesnuda, eu sou rainha: é carnaval!

A cada dia, a vida bate à nossa porta,
mostrando a força onipotente do racismo;
nosso sofrer, à pele clara, pouco importa...
Pra eles, tudo... Para nós, só eufemismo.

Dona Isabel, muito obrigada, não deu certo,
aqui vivemos, sem ser parte da nação.
Nosso amanhã, sem segurança... É tão incerto...
Diz, brancamente: não findou a escravidão!


- Patrícia Neme -

terça-feira, 4 de maio de 2010

O meu sentir


Nada pior,
que olhar
e tudo parecer vão!

Uma vida
com os outros
e para os outros
e tudo
parece que não existiu!

Passeio
no deserto,
quando já não vejo rua!

Vejo
atalhos sem saída
e paro.

Onde está o meu caminho?

Pergunto
e ninguém responde!

Olho
para donde vim,
não alcanço ninguém…

Porque vivo assim?

Ninguém saberá responder…!

O poeta
que encantou os outros,
não sabe escrever um poema para si…


José Manuel Brazão

domingo, 2 de maio de 2010

Saudação da Saudade


Minha saudade
saúda tua ida
mesmo sabendo
que uma vinda
só é possível
noutra vida

aqui, no reino
do escuro
e do silêncio
minha saudade
absurda e muda
procura às cegas
te trazer à luz

ali, onde
nem mesmo você
sabe mais
talvez, enfim
nos espere
o esquecimento

aí, ainda assim
minha saudade
te saúda
e se despede
de mim


Alice Ruiz