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domingo, 25 de julho de 2010

Se



Se eu tivesse dedos de fada,
Bordaria estrelas no jardim...
Que fossem macias e estofadas,
Para que, descalço, você andasse sobre elas,
Como quem pisa em canteiros de cetim.

Se eu tivesse dedos de fada,
Desenharia flores pelo teto,
Que fossem azuis e perfumadas,
Para que os anjos, devidamente seduzidos,
Dissessem Amém aos seus sonhos preferidos.

Se eu tivesse dedos de fada,
Rabiscaria acordes nos espaços,
Que fossem quentes e excitantes,
Para que você desdenhasse do cansaço,
A cada vacilo no seu chão de caminhante.

Mas, por eu não ter dedos de fada,
Vou tentar modelar como um poeta,
A palavra correta e o peito ardente.
Para que você descubra finalmente
Que sou sua poesia predileta.



Flora Figueiredo

domingo, 18 de julho de 2010

O Poema




Rio de palavras que deságua
de meu coração
Clarão...
Oh, claridade da qual se embebe
o pensamento
Permita que meu ser vislumbre
tuas entranhas
permita-me esvair em tua luz
para que não me perca em tua procura



Sylvio Adalberto

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lâmina d'água



Sou o riacho correndo mansinho
buscando carinho e cuspindo na dor
sou tulipa nas entranhas da serra
um peito que encerra a pureza do amor...

Vivo a sorrir dessa incerteza absurda
bebendo na fonte de meu aprender
zombo do ódio dos meus inimigos
que nunca entenderam meu bem querer...

Pedra rude, não poliglota é tupiniquim,
minha floresta tão bela
lindeza d’aquarela, tocata de oboé
o meu verde é o deleite dum coração
a sorrir de amor entre os igarapés...

Vez em quando à flor d’água,
a Yara beija um boto cor-de-rosa.


Marçal Filho
Itabira MG
05/07/2010

Dedico esse poema à Ceiça Bentes, legítima filha dos igarapés

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Versos Nus



Não posso tocar a lua,
Mas posso tocar a rua,
Nas pegadas da minha noite.

Não posso tocar teu corpo,
Mas sinto o teu perfume,
Nas verdades dos versos teus.

Não posso ouvir tua voz,
Mas ouço o teu cantar,
Na nudez da madrugada.

Não posso olhar teus olhos,
Mas sinto o teu calor,
No escarlate da minha boca.

Não posso acordar contigo,
Mas posso vê-lo vindo,
Num sonho todo lindo,
Ao encontro de mim.



Luz Miranda

Publicado no Recanto das Letras em 02/07/2010
Código do texto: T2354613