Súbito vejo-me de novo
Junto do meu povo
Num chão de terra batida
Coberta por plumas coloridas
Meu anjo barroco?
Um suspiro rouco
Assim me chama
O homem que me ama
E eu estremeço...
Meus olhos brilham,
Saltam de meu peito
Estrelas cintilantes
Embelezando o instante.
E de cócoras, próxima à porta da oca
Sorvo um gole de caulim
Sinto-me em casa enfim
Livre e nativa
Cativa ao perfume do jasmim
Meu cocar na parede
As cerâmicas, adornos
O traje de festa
Tinturas e misturas
Lembranças intactas, conservadas ali.
Não resisti e me vesti
Tornei-me irreal e
Acobertada pela lua,
Adormeci
Ainda ouvi:
Meu anjo barroco?
É você enfim...
Iveti Specorte
(Dedicado a amiga Conceição Bentes)
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