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sábado, 9 de janeiro de 2010

Não quero rosas


    Não quero rosas, desde que haja rosas.
    Quero-as só quando não as possa haver.
    Que hei-de fazer das coisas
    Que qualquer mão pode colher?

    Não quero a noite senão quando a aurora
    A fez em ouro e azul se diluir.
    O que a minha alma ignora
    É isso que quero possuir.

    Para quê?... Se o soubesse, não faria
    Versos para dizer que inda o não sei.
    Tenho a alma pobre e fria...
    Ah, com que esmola a aquecerei?...


    Fernando Pessoa, 7-1-1935.

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