Seguidores

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Kosmos


Tens a aurora na boca e a noite escura
Nos olhos; no cabelo em desalinho.
O mar bravo, a floresta, o torvelinho;
E as neves da montanha em tua alvura

Possuis na voz a música e a frescura
Da água corrente; o sussurrar do ninho
Na surdina sutil do teu carinho,
Em que o calor ao travo se mistura...

Cheiras como um vergel! Tens a tristeza
De uma tarde hibernal, em que anda imerso
Teu amor — meu algoz e minha presa —

Em tua alma e teu corpo acha meu verso
Todas as convulsões da natureza
E as harmonias todas do universo.


Goulart de Andrade

Nenhum comentário:

Postar um comentário