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domingo, 20 de dezembro de 2009

Soneto de Constatação — XXVI




Nasce um homem.
Quando ele se percebe
joga contra o destino a sua vontade:
quer luzir
quer voar
quer sobrepor-se
para provar que a vida tem sentido.

Trabalha:
cada fruto desse esforço
lhe torna o mundo em forma de desfrute.

Combate:
cada etapa ultrapassada
acrescenta-lhe forças para a próxima.

Pesquisa:
cada jóia imaginada
lhe confirma o triunfo sobre o tempo.

Mas na hora mais densa opaca íntima
em que um espelho cego cobra o sendo
nem glória
nem riqueza
nem poder:

— só interessa mesmo o que lhe falta.


Pedro Lyra

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